Tarô e Cultura: Etteilla – 1001 Fantasmas (Alexandre Dumas)

Capa do livro

Li recentemente o livro A mulher da gargantilha de veludo e outras histórias de terror, de Alexandre Dumas, numa edição comentada e ilustrada, da Zahar. Esta foi a primeira obra deste autor que realmente li, pois, apesar de conhecer muito suas histórias, que foram adaptadas à exaustão no teatro, cinema e televisão, não conhecia o estilo literário dele. Felizmente gostei bastante e recomendo este livro que, mesmo não sendo conhecido, traz histórias intrigantes. E, qual não foi minha surpresa ao me deparar com o nosso famoso amigo Etteilla numa das páginas do livro? Aliás, muitas páginas, pois compõe os contos de 1001 Fantasmas como personagem e narrador.

Esta obra começa com os contos 1001 Fantasmas, que se trata de um jantar no qual cada convidado expõe uma história de suspense, mistério ou terror. Etteilla conta uma das últimas histórias, chamada O Bracelete de Fios de Cabelo, a página 139*.

Antes de entrar nos detalhes, porém, para quem não está a par, Etteilla foi um famoso cartomante no século XVIII, cujo nome verdadeiro era Jean-Baptiste Alliette. Seu pseudônimo é, portanto, um anagrama de seu sobrenome.

Existe um baralho com seu nome, que acompanha um livro da Editora Madras.

Para saber mais sobre a história desse “primeiro tarólogo profissional”, basta acessar um artigo do Clube do Tarô aqui.

De volta ao livro, Alexandre Dumas descreve Etteilla (páginas 43 e 54) de forma não muito elogiosa, afirmando que ele veste roupas encardidas, empoeiradas, rotas, manchadas e fora de moda, além de ter uma aparência de homem pequeno e roliço, atarracado, com cara de esfinge, roufenho, com boca ampla e desdentada. Seus cabelos são ralos, compridos e amarelados.

Retrato de Etteilla, tirado do site Taroflexions

No momento da história ele conta com setenta e poucos anos, mas afirma que possui 275.

Os outros personagens o vêem com desconfiança e sabem que ele mexe com “cartas e números”, que seus assuntos favoritos sãos os “tarôs, baralhos, sortilégios, ciências egípcias de Thoth”.

Uma sessão com Etteilla – Site da Mary Greer

Comentam também que ele tem o costume de jogar na loteria e que escreve pequenas brochuras “quem ninguém lê”.

*Sobre a história que ele conta para os amigos no jantar, tem uma cena interessante num cemitério, no qual a figura da Morte surge pintada em um muro e aponta com o dedo o local certo de uma sepultura.