TARÔ E CULTURA: 3 de Espadas – A Pequena Vendedora de Fósforos

Este conto é do dinamarquês Hans Christian Andersen e foi publicado em 1845.

Também conhecido como A Menina dos fósforos ou a Vendedora de fósforos, esta estória, bastante triste, aliás, narra os últimos momentos de vida de uma menina durante o mês de dezembro, em pleno inverno.

Passando frio na rua e vestida em andrajos, ela possui apenas alguns palitos de fósforos como mercadoria em troca de algum dinheiro. Porém, percebendo que ninguém queria comprá-los e com medo de retornar a casa sem nada, ela começa a acender um por um, se aquecendo não só com o pálido calor das chamas, mas também com sua imaginação. Afinal, dentro da luz ela se vê num contexto completamente diferente, não de pobreza e fome, mas de abundância, amor e alegria, com presentes, comida e uma árvore de Natal.

Obviamente que isso é um paliativo muito tênue e não a impede de, no fim morrer de frio e cansaço em frente a uma parede escura.

A associação com o 3 de Espadas traz à tona a insensatez de nossas ilusões, pois tudo aquilo que queríamos não encontra respaldo na realidade e, ficar tentando obter o que está fora de nosso alcance, gela nossa alma e nos torna mortos em vida.

Afinal, quem vive o 3 de Espadas logo migra para o 4 de Espadas com seu desânimo, o 5 de Espadas, com sua soberba, o 6 de Espadas com seu vazio existencial.

Por isso, ainda temos chance, quando a dor é mais aguda, de nos renovarmos, de superarmos nossas fantasias, tentando encontrar um caminho mais pragmático.

No entanto, não sei se gosto dessa fábula dentro do contexto de Espadas, até porque a menina não tem culpa da desigualdade social na qual está inserida. Além disso, é a pressão pela venda que a faz ficar na rua e é a propaganda da suposta felicidade trazida pelo amplo consumo do Natal que a leva a preferir olhar as imagens do fogo a voltar para seu lar.

Desse modo, talvez possamos pensar em como nossos pequenos problemas e decepções ofuscam o verdadeiro sofrimento que as pessoas menos favorecidas pela sorte ao nosso redor passam e que ficam totalmente despercebidas.